O Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar (CECANE) tem uma função estratégica no fortalecimento do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Através de suas ações, que incluem assessoria técnica, capacitação de profissionais e desenvolvimento de projetos, o CECANE promove saúde, aprendizado e reforça a conexão entre alimentação escolar e agricultura familiar, garantindo o direito humano à alimentação adequada.
Hoje existem 25 centros de colaboração em 22 estados, segundo o FNDE. Desde 2022, o CECANE da Universidade Federal do Acre (UFAC) tem se destacado pelo trabalho de monitoramento da alimentação escolar. A equipe visitou municípios do estado, realizando reuniões com secretários, nutricionistas e gestores escolares, além de avaliar a aplicação do PNAE nas redes municipais e estaduais.
CECANE e Alimentação Escolar Inteligente (AEI) no Acre
Recentemente, o CECANE UFAC fez o uso da solução Alimentação Escolar Inteligente (AEI), utilizada pela Secretaria do Estado de Educação e Cultura do Acre (SEE), que aprimora a gestão e o planejamento da alimentação escolar. A solução traz maior eficiência ao planejamento de cardápios e à integração com agricultores familiares, contribuindo para o cumprimento das diretrizes do PNAE.
Para entender melhor os impactos do AEI nas atividades do CECANE, entrevistamos Keliton André, nutricionista e agente PNAE no CECANE da UFAC. Ele compartilhou suas percepções sobre como a tecnologia tem ajudado na gestão da alimentação escolar no estado, além de discutir os objetivos do CECANE, os desafios enfrentados e os benefícios trazidos pela solução.
Estima-se que o uso da solução Alimentação Escolar Inteligente (AEI) reduziu em cerca de 50% o tempo necessário para as análises e planejamentos realizados pelo CECANE UFAC, trazendo um impacto direto na eficiência da equipe. Segundo Keliton André, essa otimização reflete a importância da tecnologia no dia a dia da gestão da alimentação escolar. “A tecnologia é fundamental, principalmente no dia de hoje. O controle de estoque é um exemplo disso, dessa melhoria. Você tem um controle de estoque integrado, então o nutricionista consegue acompanhar o que ele tem ali.”
O sistema se destaca pela digitalização e centralização de dados, como fichas técnicas e relatórios. Segundo Keliton, esse recurso facilita não apenas o acesso às informações, mas também promove a sustentabilidade. “Uma das coisas fundamentais do sistema é o armazenamento de informações. […] O resto é questão da sustentabilidade, conseguir arquivar em PDF, não precisar do físico.”
Dessa forma, com o software a digitalização não apenas elimina a necessidade de papel, mas também permite que os documentos sejam acessados rapidamente de qualquer lugar, garantindo maior transparência e agilidade. Desde que foi adotado, o AEI trouxe impactos positivos nas regionais do Alto e Baixo Acre, onde já está em uso, e para as cinco regionais do estado até 2025.
CECANE no apoio de estados e municípios
A criação dos CECANEs ocorreu em 2006, e a Portaria Interministerial nº 1.010 de 8 de maio de 2006, Art. 8º Define que os Centros Colaboradores em Alimentação e Nutrição, Instituições e Entidades de Ensino e Pesquisa possam prestar apoio técnico e operacional aos estados e municípios na implementação da alimentação saudável nas escolas, incluindo a capacitação de profissionais de saúde e de educação, merendeiras, cantineiros, conselheiros de alimentação escolar e outros profissionais interessados.
Sobre o apoio do CECANE nos estados e municípios, Kleiton André destaca: “O FNDE encontrava uma dificuldade, até mesmo por causa dos baixos recursos humanos, tão poucos técnicos, em razão do Brasil ser um país de grande extensão territorial, um país muito grande e difícil de acessibilidade, muitos municípios de difícil acesso. Então, para você ter técnicos para acessar esses municípios, isso gasta muito recurso.”
A solução foi estabelecer parcerias com instituições federais de ensino superior, como universidades e institutos federais. “No estado do Acre, por exemplo, temos o CECANE vinculado à Universidade Federal do Acre, a UFAC, mas em outros estados, há CECANEs vinculados aos institutos federais ou até a ambas as instituições”, explicou.
Os CECANEs desempenham funções de monitoramento, avaliando se o PNAE é executado conforme as legislações e normativas do FNDE. Além disso, também realizam formações, como o Encontro PNAE, para nivelar o conhecimento de gestores, nutricionistas, conselheiros de alimentação e outros envolvidos no programa.
Desafios que o AEI soluciona
A implementação do sistema AEI no monitoramento e execução do PNAE trouxe importantes avanços, especialmente ao lidar com desafios antigos que dificultavam a eficiência da gestão escolar. Um dos principais obstáculos antes da tecnologia era o processo manual de controle de estoque e a dificuldade de acesso a informações atualizadas e organizadas. A transição para um sistema digital representou uma mudança e oferecimento de uma oportunidade para modernizar as práticas de gestão da alimentação escolar.
Uma das grandes melhorias trazidas pela tecnologia foi o controle de estoque remoto, que eliminou a necessidade de visitas frequentes ao depósito, facilitando o trabalho dos nutricionistas. A digitalização dos dados proporcionou um novo nível de organização e acessibilidade em tempo real, permitindo que os profissionais tenham uma visão clara e atualizada dos recursos disponíveis, sem depender de deslocamentos físicos ou de registros manuais. Com isso, a gestão se tornou mais ágil e com maior precisão.
Além disso, a digitalização tem contribuído para a transparência e a segurança das informações. O sistema organiza os dados de maneira acessível, garantindo que as informações estejam prontamente disponíveis para os gestores e com menos possibilidade de erros humanos. A tecnologia, não apenas agiliza os processos, mas também fortalece a transparência e a eficiência da gestão do PNAE.
O papel da tecnologia na melhoria da alimentação escolar
Keliton destacou o impacto positivo de sistemas que centralizam dados importantes, como fichas técnicas: “Uma das coisas fundamentais dos sistemas é a questão do armazenamento de informações. Isso foi uma das coisas que facilitou muito o nosso trabalho, de você chegar a ter um sistema com todas as fichas técnicas.”
O agente também comparou essa eficiência com os desafios enfrentados antes do uso da tecnologia, quando documentos frequentemente se perdiam ou eram difíceis de localizar: “Eu acho que uma das coisas fundamentais do sistema é a questão do armazenamento de informações.”
Além disso, ele apontou a funcionalidade do sistema em gerar documentos já assinados digitalmente e destacou a sustentabilidade trazida pela digitalização: “A gente consegue ativar em PDF também, sabe? Não precisa ser físico. Não precisa ser impresso. A gente tem um drive e a gente ativa essas informações em PDF. Então, tudo isso é muito importante.”
Experiências com o uso do AEI
Keliton André compartilhou a experiência positiva do CECANE com a solução Alimentação Escolar Inteligente, destacando a usabilidade e a organização proporcionadas pelo sistema: “Está bem separado. Essa segmentação das informações é muito importante dentro do sistema. […] Eu consegui acessar, consegui baixar o cardápio, consegui ver os cardápios, fichas técnicas também.”
Outro ponto relevante foi a praticidade de acessar o sistema de qualquer lugar, eliminando a necessidade de lidar com papéis e tornando o trabalho mais eficiente: “Primeiro que você consegue acessar de qualquer local um sistema. Isso já facilita muito. […] É muito mais fácil você pesquisar, porque você fica procurando papel, de onde que é, de qual data, isso é muito mais fácil você pesquisar, essa informação está muito mais organizada dentro do sistema.”
Além disso, a forma como o sistema ajuda na atualização de fichas técnicas de preparo, algo importante para a gestão da alimentação escolar, também foi citada: “Você faz uma vez, ativa e ela está feita”.
Dessa forma, as lições aprendidas com o uso do AEI evidenciam como a tecnologia pode transformar positivamente a rotina na gestão da alimentação escolar. A centralização e a organização das informações tornam as atividades mais ágeis e práticas, reduzindo obstáculos comuns, como a busca por documentos físicos e a descentralização de dados. Além disso, a possibilidade de atualizações constantes nas fichas técnicas garante que as informações estejam sempre alinhadas às necessidades reais, trazendo mais precisão ao trabalho. O AEI se destaca como um exemplo de como a tecnologia pode ser uma grande aliada do setor público na busca por resultados mais eficientes.