Foto: Lemobs
Toneladas de alimentos salvos, milhares de refeições que não foram para o lixo. Alimentação escolar com adequação nutritiva e menos impacto ambiental. Esse é o resultado do projeto Aproveita+ implantado nas 7 escolas Indígenas de Dourados (MS), em 2022. Os resultados vieram a partir da implantação do projeto graças ao apoio da SEMED, que abriu as portas das escolas, e do Instituto BRF, que financiou o trabalho em Dourados e o suporte da solução tecnológica Alimentação Escolar inteligente (AEI), da Lemobs. As ferramentas do AEI chegaram a uma rede de apoio muito engajada de gestores, nutricionistas, cozinheiras, diretoras, professores, entre muitos outros que fizeram toda a diferença nas mudanças na cozinha e na mesa dos alunos.
Estados e municípios brasileiros recebem cerca de 4 bilhões de recursos por ano do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) para a aquisição de alimentos. Na rede pública de ensino são mais de 50 milhões de refeições por dia, em mais de 180 mil escolas e para mais de 40 milhões de estudantes. Ainda que sejam números significativos, parte desses recursos não chegam à mesa das crianças.
Problemas de gestão ou desperdício de alimentos são realidades para algumas escolas. É necessário também considerar que, dentro do cenário onde parte da população brasileira não têm acesso pleno à alimentação (125 milhões na insegurança alimentar), a refeição feita na escola pode ser a única com qualidade nutricional no dia de muitas crianças de famílias vulneráveis.
A solução Alimentação Escolar Inteligente (AEI) usa a tecnologia para melhorar os processos de gestão de alimentação nas escolas públicas. O sistema auxilia os gestores para que as escolas possam oferecer refeições mais saudáveis, com garantia de adequação nutricional e monitoramento do desenvolvimento infantil, priorizando a compra de alimentos da agricultura familiar, seguindo as diretrizes do PNAE, e garantindo a segurança alimentar.
O AEI contribui na compensação de carbono e tem impacto direto no avanço dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: Fome Zero, Boa Saúde. Educação de Qualidade e Consumo Responsável.
Expansão do AEI em Dourados
Foto: Lemobs
Em maio de 2022 a Lemobs iniciou o trabalho de implantação do piloto do AEI na Escola Municipal Indígena Tengatuí Marangatú, na aldeia Jaguapiru, no município de Dourados (MS), com o objetivo de otimizar os processos da alimentação escolar por meio da solução que foca no enriquecimento nutricional e redução do desperdício. O projeto foi executado dentro do programa Ecco Comunidades, iniciativa do Instituto BRF em parceria com as organizações Quintessa e Prosas.
Ao final da implantação, a Escola Tengatuí Marangatú obteve o resultado expressivo de 80% de redução no desperdício, onde quase 3 toneladas de alimentos foram poupadas, equivalente a 2 meses de refeições para atender cerca de 970 alunos da escola. Com isso, a solução Freemium se consolidou mais ainda como instrumento efetivo de apoio aos nutricionistas, diretoras e cozinheiras.
O Instituto BRF, atual investidor de impacto do AEI, possibilitou a continuidade da solução na Tengatuí e a ampliação do projeto para mais 6 escolas indígenas de Dourados até dezembro de 2022. O processo teve o total apoio da Secretaria Municipal de Educação de Dourados (SEMED).
As escolas indígenas Agustinho, Araporã, Francisco Meireles, Lacu’i Roque Isnard, Pai Chiquito Pedro e Ramão Martins passaram pela rotina de visitas de acompanhamento com estagiários e nutricionistas, além das capacitações com as cozinheiras para trabalhar o preparo de refeições e uso integral dos alimentos.
Adriana Silva de Jesus, diretora da Araporã, fala sobre a experiência: “É um projeto que visa olhar de uma forma diferente para a questão indígena, já que nós somos um povo diferenciado, principalmente na alimentação. […] É uma troca de conhecimento que a gente precisa fortalecer cada dia mais.”
Questionada sobre o que mudou desde que o AEI começou a ser implantado na escola Agustinho, a diretora Fernanda Silva Dourado afirma: “Tivemos que ter algumas estratégias e hoje vemos que a aceitação deles é praticamente 100% em relação ao que é saudável para a criança, porque eles dependem desses nutrientes para o desenvolvimento na aprendizagem dentro da unidade escolar.”
Foto: Lemobs
Resultados
As capacitações com as cozinheiras alcançaram o objetivo de aprimorar as práticas para o preparo de refeições seguindo as indicações do per capita e apresentações de formas de porcionamento com a finalidade de redução das sobras. O monitoramento aconteceu nas 7 escolas do projeto, assim como a realização de pesagem após as refeições para que o desperdício dos alimentos fosse calculado.
O total da redução do desperdício nas 7 escolas chegou a 70%, poupando a emissão de 11 toneladas de carbono e salvando 18,8 toneladas de alimentos em 1 ano, o suficiente para alimentar 64 mil alunos.
Na EMI Agustinho, o total de redução no desperdício foi de 66%, salvando 2,4 toneladas de alimentos, o suficiente para alimentar 9 mil alunos. A escola Araporã a redução foi de 42%, com 700 kg de alimentos salvos, podendo manter mais de 2,6 mil alunos alimentados. Na EMI Francisco Meireles o resultado foi ainda maior, com 72% de redução e 4 toneladas de alimentos salvos, o suficiente para alimentar mais de 15 mil alunos.
A escola Lacu’i Roque Isnard ultrapassou o primeiro resultado de redução de desperdício na Tengatuí Marangatú e conseguiu 81%, salvando 1,3 toneladas de alimentos capazes de alimentar mais de 5 mil alunos. Na EMI Pai Chiquito Pedro a redução chegou em 32%, salvando 140 kg de alimentos que podem alimentar mais de 520 alunos. Do outro lado, a Ramão Martins alcançou 64% de redução no desperdício e poupou 2,2 toneladas de alimentos. Mais de 8 mil alunos podem se alimentar a partir dessa economia. A escola Tengatuí Marangatú, pioneira na utilização da ferramenta AEI em Dourados, obteve 69% de redução e 7,9 toneladas de alimentos salvos, o suficiente para alimentar cerca de 24 mil alunos.
Legado
A comunidade escolar se mobilizou em relação ao desperdício de alimentos e a necessidade de refeições porcionadas e com qualidade nutricional para os alunos. Enisia Ortiz Garcia, cozinheira da Ramão Martins, aponta: “Devido a quantidade de comida que a gente estava fazendo, facilitou muito o nosso trabalho aqui na cozinha e aprendi muita coisa que eu não sabia. […] Eu gostei muito do projeto e quero prosseguir isso com as crianças, com a comunidade escolar.”
A expectativa é que o impacto seja de longo prazo e as práticas tenham continuidade, sobretudo o aprendizado por parte das cozinheiras e o conhecimento exportado para as famílias das crianças beneficiadas pela solução AEI.
Foto: Lemobs
Lançamento do Freemium AEI
A versão Freemium do AEI, utilizada nas 7 escolas de Dourados, será lançada em dezembro. O sistema oferece inovação para reduzir perdas e desperdícios de alimentos por meio de ferramentas de elaboração de cardápios e fichas de preparo adequadas ao per capita nutricional de cada faixa etária. O Freemium AEI apresenta modelos de aplicação de testes de aceitabilidade e registro de resultados, além de gerar listas de compras que auxiliam no alcance das regras do PNAE sobre o uso mínimo de 30% dos recursos para a compra de alimentos saudáveis da agricultura familiar.
A solução Freemium AEI oferece um conjunto de instrumentos que pode ser utilizado de forma rápida e gratuita nas escolas públicas dos municípios, com a possibilidade de compartilhamento com nutricionistas e gestores.