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Implementação da solução AEI (Alimentação Escolar Inteligente) na Escola Municipal Indígena Tengatuí Marangatú

Alunos indígenas caminhando em escola.
Escola Municipal Indígena Tengatuí Marangatú

Fonte: Lemobs

A Lemobs está trabalhando na implementação de um projeto piloto na Escola Municipal Indígena Tengatuí Marangatú, na aldeia Jaguapiru, no município de  Dourados. O objetivo é usar o sistema AEI para otimizar os processos da alimentação escolar, com foco no enriquecimento nutricional e redução de desperdícios. O projeto é executado sob o âmbito do programa Ecco Comunidades – lançado pelo Instituto BRF em parceria com Quintessa e Prosas – voltado para “promover o desenvolvimento territorial por meio da implementação de soluções que atuam com a redução de perdas e desperdícios de alimentos“.

O programa Ecco Comunidades está em sua primeira edição e está direcionado aos municípios com atividades da BRF. A Lemobs foi uma das cinco startups selecionadas para  a segunda fase do programa em Dourados. 

A solução implementada no projeto piloto é uma versão gratuita do sistema Alimentação Escolar Inteligente (Freemium AEI) utilizada pela escola, que está localizada na Reserva Indígena de Dourados (RID), no Mato Grosso do Sul. Além de validar a Solução Freemium como instrumento efetivo de apoio aos nutricionistas, diretoras e cozinheiras, é muito importante criar “pontes” com os municípios interessados e atores que quiserem contribuir para esse projeto.

Sobre a Lemobs

A Lemobs é uma empresa de tecnologia, de caráter inovador, sediada no Parque Tecnológico da UFRJ, que desenvolve soluções de impacto para cidades. A partir da nossa expertise como Govtech voltada para a transformação digital da gestão pública, identificamos muitas dificuldades enfrentadas pelos municípios, em especial na gestão e no monitoramento dos processos e dados da alimentação escolar.

Estados e municípios recebem mais de 4 bilhões de recursos por ano do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) para a compra de alimentos. São mais de 50 milhões de refeições por dia, servidas na rede pública de ensino, em mais de 180 mil escolas, para mais de 40 milhões de estudantes. No entanto, parte desses recursos não chega à mesa das crianças, seja por problemas de gestão ou desperdício de alimentos. 

Solução AEI 

Para enfrentar esse problema, a Lemobs desenvolveu a solução AEI que usa a tecnologia para melhorar os processos de gestão. O sistema ajuda gestores e escolas a oferecer uma alimentação saudável priorizando a compra de alimentos da agricultura familiar; garantir a adequação nutricional e monitorar o desenvolvimento infantil; além de reduzir o desperdício e respeitar as regras do PNAE.

Nas palavras de Sérgio Rodrigues, fundador e CEO da Lemobs “Nossa Solução de Alimentação Escolar Inteligente (AEI) aplica inovação e tecnologia para melhorar a gestão dos recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Entendemos que as escolas devem ser uma prioridade no esforço para reduzir o desperdício de alimentos e enfrentar a fome e a insegurança alimentar no Brasil.“

O sistema AEI gera impacto e contribui diretamente para avançar nos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: Fome Zero, Boa Saúde, Educação de Qualidade e Consumo Responsável. 

Freemium AEI

Escola Municipal Indígena Tengatuí Marangatú

Fonte: Lemobs

O Freemium AEI oferece inovação para reduzir perdas e desperdícios de alimentos por meio de ferramentas de elaboração de cardápios e fichas de preparo adequadas ao per capita nutricional de cada faixa etária. A solução apresenta modelos de aplicação de testes de aceitabilidade e registra seus resultados, gera listas de compras que ajudam a alcançar a regra do PNAE sobre o uso mínimo de 30% dos recursos para a compra  de alimentos saudáveis da agricultura familiar. Dessa forma, a economia local é fortalecida e as perdas de alimentos são reduzidas, gerando impacto para o meio ambiente e garantindo o desenvolvimento de qualidade e bem-estar psicossocial de crianças e adolescentes. Esse conjunto de instrumentos pode ser utilizado gratuitamente de maneira rápida e facilmente compartilhada. Nutricionistas podem cadastrar cardápios diretamente no sistema e os gestores cadastram o perfil das escolas (número de alunos, faixa etária, período) e a lista de alimentos contratados por licitação ou por chamada pública da agricultura familiar.

Projeto piloto 

O professor indígena Cajetano Vera, pesquisador doutor da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), membro do Conselho de Alimentação Escolar (CAE) de Dourados, coordenador do projeto “Casas de Semente Crioula” e professor na Escola Indígena Tengatuí Marangatú, demonstrou interesse pelo programa Ecco Comunidades desde o início. Ele desenvolve uma horta escolar mobilizando os alunos e fala com entusiasmo os seus benefícios: “O que esse projeto da horta traz para alunos e comunidade? O pequeno espaço que tem pode produzir comida, batatas, variedade de tubérculos e não precisa comprar. E o que não comprar já é uma economia. Muitas vezes não se consegue entender isso e dá essa ideia da pseudo facilidade de comprar no mercado”. 

Cajetano possibilitou a apresentação da proposta do Piloto AEI ao diretor, Rubens Rosário, que tem dado todo o apoio ao projeto. “A gente vem precisando disso há muito tempo… agora sim estou mais atento ao desperdício. Isso vem para somar, vem para ajudar. Daqui pra frente a gente vai se policiar enquanto gestor e acompanhar mais de perto em relação ao desperdício da merenda escolar”, disse o diretor.

Também, de extrema importância, a nutricionista responsável pela alimentação escolar do Departamento de Nutrição da Secretaria Municipal de Educação (SEMED), Denize Leise, aponta “Muito interessante essa iniciativa, principalmente quando vemos a importância de aproveitar integralmente os alimentos, e a questão da conscientização da população sobre os alimentos e a redução de desperdícios”. Ela tem orientado e apoiado a implementação do piloto disponibilizando os cardápios, a lista com os preços e produtos licitados e contratados da agricultura familiar, além de materiais como o manual de boas práticas e lista de per capitas. 

A primeira visita à Tengatuí Marangatú aconteceu entre os dias 25 e 29 de abril. A equipe da Lemobs conversou com a direção, com os professores e as cozinheiras da escola e deu início aos testes de aceitabilidade medindo a proporção de restos (sobras) das refeições servidas aos alunos do pré-escolar, Fundamental I e II. Para pensar e testar estratégias de redução do desperdício, é imprescindível monitorar as sobras. Outra modalidade de teste de aceitabilidade é a aplicação do teste pela escala hedônica, que possibilita que as crianças avaliem a refeição de forma mais lúdica e interativa.

Na segunda visita, de 16 a 20 de maio, foram realizadas capacitações dialogadas com as cozinheiras sobre os temas: aproveitamento integral dos alimentos; cardápios, fichas de preparo, porcionamento e apresentação dos pratos; separação e descarte de resíduos. Nas próximas semanas serão feitas oficinas com os preparos mais frequentes utilizando fichas de preparo como referência para o cálculo da quantidade de alimentos necessários de acordo com o número de alunos, evitando desperdício. Em 25 de maio houve uma nova capacitação sobre “Cultura e hábitos alimentares indígenas” que trabalhou a adaptação de receitas, valorizando os costumes da aldeia Jaguapiru, onde convivem as etnias Guarani Kaiowá, Guarani Ñandéva e Terena

A evolução do projeto de implantação do AEI na escola conta com a mentoria e acompanhamento do Quintessa e Prosas e do suporte do Instituto BRF. Além das capacitações dialogadas e visitas, é feito um acompanhamento semanal dos alimentos recebidos e a cada semana são elaborados cardápios e fichas de preparo, pela nutricionista da Lemobs, a Tuanny Souza, usando o sistema. Ela faz adaptações no cardápio básico enviado pela SEMED em função dos alimentos disponíveis na escola. O avanço na redução do desperdício é monitorado pelas pesagens das sobras dos pratos servidos. Nessas atividades e nas oficinas de utilização dos cardápios e fichas de preparo, a Lemobs conta com o apoio da nutricionista indígena, Letícia Lopes, que é moradora da aldeia, e com os alunos de nutrição, integrantes da empresa júnior SALUT, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), que fazem visitas semanais à escola. A atuação desses nutricionistas junto às cozinheiras na elaboração, porcionamento e pesagem das sobras das refeições é fundamental para facilitar a adoção dos instrumentos oferecidos pelo AEI e monitorar os indicadores de impacto no dia a dia da cozinha. Até o momento, já foram criados 24 cardápios e cadastradas  mais de 50 fichas de preparo utilizando a solução. Os testes de aceitabilidade do resto ingesta e de avaliação usando a escala hedônica têm sido feitos pelo menos duas vezes por semana.

Igualmente crucial é o suporte e a atenção ao projeto, dado pelas cozinheiras responsáveis Magna Freitas e Ana Laura Martins, pelo professor Cajetano, pelo diretor Rubens Rosário e seu adjunto Agnaldo Rodrigues. Todos têm sido muito participativos e contribuído imensamente para o projeto de implementação do piloto AEI. O depoimento de Magna Freitas ilustra bem o engajamento dos profissionais da escola Tengatuí. “Eu trabalho na cozinha, trabalho que eu gosto, que escolhi e estou atuando há 14 anos. É uma satisfação enorme porque a cozinha é sinônimo de amor. Depois de 2 anos de pandemia, senti bastante falta das crianças, até porque aqui na escola é um dos lugares em que elas têm alimentação. Acho muito importante meu trabalho, gosto muito de trabalhar aqui. Quando vem cursos, projetos pra cozinha pra fazer conosco, a gente fica muito feliz. É uma ajuda, uma experiência nova, a gente vai se motivando e criando coisas novas, aprendendo e talvez ensinando também o pouquinho que sabemos.”, disse a cozinheira.

Legado

Ao final da implementação de Alimentação Escolar Inteligente na escola Tengatuí, em junho, a solução será oferecida gratuitamente para uso do Departamento de Nutrição da SEMED e para todas as escolas do município de Dourados. Como legado, a Lemobs busca garantir que os “atores” ligados aos processos de alimentação escolar no município e nas escolas possam utilizar a tecnologia  inovadora do AEI para oferecer alimentação saudável e adequada com mais produtos da agricultura familiar e menos desperdício de alimentos. A solução  facilita  a elaboração e adaptação de cardápios diversificados sem precisar refazer cálculos nutricionais; dá acesso ao banco de fichas de preparo dos pratos mais frequentes e de receitas que valorizam a cultura indígena; A qualidade de alimentos das listas de compras é calculada automaticamente de acordo com o número de alunos. Os modelos de teste de aceitabilidade ajudam a monitorar as sobras e avaliar os preparos que são melhor aceitos pelos alunos. O sistema oferece ferramentas que contribuem para uma merenda escolar mais saudável e com menos desperdício.

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