Desde que o russo Igor Ansoff iniciou os estudos de estratégia empresarial, os estudos no campo evoluíram e ganharam corpo com Peter Drucker, Michael Porter, Chandler. As consultorias McKinsey, Bain e BCG também tem contribuído enormemente para a compreensão e aplicação de estratégia empresarial que promova o crescimento sustentável e a geração de valor para a sociedade.
Os princípios de estratégia são replicáveis para governos, não seguindo, obviamente, a mesma lógica. Parafraseando Mintzberg, “em relação ao governo, não sou um cliente, sou um cidadão”.
Para uma empresa, a lógica é mais simples. Se o mercado funcionar corretamente, quanto mais lucro (dentro das leis e ética) maior valor será gerado para a sociedade e este deve ser o objetivo primordial. Para um governo não é tão simples. Enquanto indicadores financeiros são importantes, o governo tem objetivos mais complexos e diversos que uma empresa. Até mesmo quando olhamos para as finanças a decisão não é tão simples, o governo deve olhar para as próprias finanças ou para a da cidade?
Gestores públicos sérios compreendem que a principal função do governo é promover o desenvolvimento sustentável, de preferência, tendo em vista o longo prazo, mas com uma visão humanista no curto. Desta forma, para que a organização pública caminhe na mesma direção, é importante definir as metas por cima e cascatear.
Uma prefeitura, por exemplo, define que precisa gerar valor para os cidadãos da cidade. O orçamento é definido e cada Secretaria deve pensar em formas de: prestar serviços públicos de qualidade para gerar valor ao cidadão; controlar a lei e ordem de forma que valor não seja destruído. Mas gerar valor é amplo, e esta objetivo deve ser subdividido em metas.
Um bom princípio para criar metas é o SMART, ou seja, as metas devem ser:
- Espefícicas;
- Mensurávels;
- Atingíveis;
- Relevantes;
- Com limitação de Tempo.
Buscando criar metas SMART, facilitamos a geração de valor.
Quando a meta é atrelada a um projeto – construção de uma ponte, por exemplo – fica bastante palpável. Mas o Governo é mais do que isso. Por tanto, é necessário criar, para cada área, indicadores de desempenho.
Na área de Obras, por exemplo, podem ser implantados alguns indicadores como:
- Índice de atividades planejadas e concluídas;
- Desvio de prazo acumulado;
- Desvio do orçamento;
- Taxa de desperdício.
Agora, como criar os seus próprios indicadores? Paladini nos ensina que:
- “Os indicadores devem ser precisamente definidos;
- Os indicadores devem expressar a avaliação feita de forma simples;
- Os indicadores expressam uma avaliação direta;
- Os indicadores expressam uma avaliação atual;
- Os indicadores devem ser bem compreendidos por todos;
- Deve-se garantir a perfeita adequação do indicador à situação, ao contexto e à organização onde ele está sendo usado;
- A avaliação da qualidade com uso de indicadores utiliza informações já disponíveis;
- Os indicadores devem ser representativos;”
- Os indicadores devem ser representados por dispositivos de rápida visualização e compreensão quase instantânea, como imagens de histogramas ou outros gráficos de barras;
- Embora avaliem produtos ou partes deles, os indicadores priorizam o processo que os gerou;.
Com o indicador em mãos, realiza-se a mensuração. Se o valor não estiver dentro do esperado, é necessário criar um plano de ação para adequá-lo.
Em suma, a orientação para um bom planejamento de metas para governo:
- Defina o que é valor;
- Subdivida em partes autônomas;
- Crie indicadores de desempenho;
- Mensure os indicadores;
- Crie um Plano de Ação para melhorar os que não estão dentro do esperado;
- Continue mensurando e repetindo o ciclo.
Assim, com bons gestores públicos e políticos dedicados, viveremos em locais cada vez melhores.
Publicado originalmente em: https://www.linkedin.com/pulse/porque-o-governo-tamb%C3%A9m-precisa-aprender-estrat%C3%A9gia-micael-jardim/