Ao pensar no que tange o urbanismo, indo do estudo das cidades até sua regulação e planejamento, é imprescindível não chegar ao princípio de limpeza urbana. Diferente do que muitos pensam, ela não necessariamente se refere exclusivamente à varrição das ruas.
É um conjunto de serviços que colaboram para a manutenção das cidades em termos de limpeza, indo de bueiros à capinação, poda de árvores, manutenção de meio fio e das areias das praias, limpeza de feiras livres, coleta de resíduos específicos, entre outros. Esses serviços são responsáveis não só para a cidade, como para a população em termos de saúde, visto que através deles é possível aumentar a qualidade de vida e diminuir os riscos de exposição às doenças infecciosas e parasitárias causadas por lixos a céu aberto.
As políticas de lixo por trás das cidades mais limpas do mundo
Turistas de todo o mundo participaram de uma pesquisa realizada pelo Trip Advisor, no qual o objetivo era escolher as cidades mais limpas. O resultado foi:
- Tóquio (9.31 pontos)
- Singapura (9.22 pontos)
- Zurique (8.91 pontos)
- Viena (8.7 pontos)
- Estocolmo (8.66 pontos)
- Dubai (8.64)
- Dubrovnik (8.64 pontos)
- Munique (8.58 pontos)
- Copenhague (7.97 pontos)
- Praga (7.87 pontos)
Tóquio, no Japão, foi considerada a número um em termos de limpeza e conservação pelos participantes da pesquisa. Não é algo comum ver lixo nas ruas desta megacidade, onde os mesmos (e poucos) quando encontrados são coletados por pinças, de tão pequenos os resíduos. Em Tóquio, quem gera o lixo é o responsável por ele, tornando todos os cidadãos responsáveis pelo o que descartam, até mesmo em separação de resíduos para reciclagem. As ruas não têm uma grande quantidade de lixeiras, apenas ao lado de supermercados, lojas de conveniência e máquinas de alimentos.
Já em Singapura, a política se enrijece a ponto de proibir venda de chicletes e do descarte de cinzas de cigarro no chão, passível de multa de algumas centenas de reais. A terceira colocada na pesquisa, Zurique, na Suíça, também atua com multas pesadas. Viena é outro exemplo de como uma gestão que foca no serviço de limpeza urbana traz resultados. Além de ser uma das melhores cidades para se viver no mundo em 2022, tendo alta qualidade de vida, existe o investimento na reciclagem do lixo produzido.
Estocolmo, a quinta colocada no ranking, é um modelo de referência de cidade sustentável na Europa. Além de 100% dos domicílios terem coleta seletiva por um sistema de lixeiras conectadas a uma rede de tubos subterrâneos, tornando-as responsáveis por dispensarem a coleta por meio de caminhões, a cidade investiu em sustentabilidade transformando os rios da capital sueca, que estavam poluídos, em lugares adequados para atividade de pesca. Em 1972 a cidade foi sede de uma conferência da ONU, com o evento destacando Estocolmo como um exemplo de junção de gestão administrativa e planejamento urbano ao fazer uso de tecnologias avançadas com foco em gestão ambiental, ajudando a obter benefícios para toda a população.
Ao conseguir manter um equilíbrio entre a preservação do meio ambiente e o progresso econômico, utilizando tecnologias com a finalidade de melhorar a qualidade de vida da população, Copenhague, na Dinamarca, foi considerada uma das principais Cidades Inteligentes da Europa. Um exemplo de utilização de tecnologia para promover a qualidade de vida é o projeto EnergyLab Nordhavn com a finalidade de reduzir as emissões de carbono através da integração do transporte elétrico, edifícios com uso eficiente de energia, eletricidade e aquecimento.
O cenário de limpeza urbana no Brasil
O Brasil não tem nenhuma cidade dentro do ranking das mais limpas do mundo e é um dos países que mais gera resíduos sólidos que não foram descartados e tratados da forma correta de acordo com a legislação e tecnologias possíveis, ocasionando a exposição desse lixo a céu aberto.
Quase 60% do lixo gerado no Brasil não possui destino adequado e, segundo o Atlas da Destinação Final de Resíduos, em 2020 os resíduos ocupavam uma área de 200 hectares — correspondente a cerca de 243 campos de futebol. Nesse período foi acumulado mais de 40 milhões de toneladas de lixo.
Apesar dos dados expressivos, algumas cidades brasileiras já investiram em processos para reduzir o descarte irregular. Em 2013, o Programa Lixo Zero foi desenvolvido pela Lemobs e promovido pela Prefeitura do Rio de Janeiro e COMLURB (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), conseguindo a aprovação de 95% da população e obtendo redução de 63% de lixo descartado pelo chão da cidade.
A metodologia utilizada nesse programa pertinente até os dias atuais é a aplicação de multas aos que entram em inconformidade com a Lei de Limpeza Urbana/3273, instaurada em 2001 mas só colocada em prática no final de 2013, no momento em que o Lixo Zero passou a ser utilizado para multar o indivíduo que comete o descarte irregular de pequenos resíduos. A ação teve um impacto positivo dentro do contexto de limpeza urbana, onde nos três primeiros anos foram aplicadas 170 mil multas, rentabilizando R$34,4 milhões. A tecnologia posteriormente foi aprimorada para ser utilizada em outras cidades brasileiras por conta de sua força.
Tecnologias de zeladoria urbana
A Lemobs oferece uma solução que pode auxiliar no âmbito de zeladoria urbana, trabalhando do atendimento ao cidadão à fiscalização e coleta. Por meio do atendimento à demanda do cidadão, é possível o gerenciamento da execução dos serviços prestados pela administração pública, como a coleta de lixo. Com isso, ele informa à prefeitura os locais necessitados de um determinado serviço, podendo acompanhar em tempo real a resolução do problema.
Se tratando de fiscalização, a ferramenta inspeciona o código de postura dos municípios em tempo real através de smartphones com um aplicativo que permite penalizar ou advertir o infrator, além de ser possível fazer a impressão da autuação/multa no mesmo instante.
A ferramenta de coleta permite que o cidadão encontre o ponto de coleta mais próximo de sua residência, além do acompanhamento de dias e horários das rotas. Utilizada na cidade de Maricá, a ferramenta realizou 32.718 viagens de 2020 até os dias atuais, percorrendo 1.637.544 km de distância, coletando lixo residencial equivalente a mais de 8 mil toneladas.
Dentro do cenário de limpeza urbana, o uso de tecnologias e soluções aparece como uma grande oportunidade para os governos estabelecerem políticas e práticas mais sustentáveis, possibilitando a transformação das cidades.